Enquanto isso, na selva de pedra…

O Nícolas Vargas é um cara que me contratou, nos primórdios de 2008, para trabalhar na famigerada MTV. Ele virou um tipo de mentor das palavras e de um novo “way of life”. Esses dias, escreveu sua primeira (e maravilhosa) coluna do ano para o Judão, que você pode ler clicando aqui, falando sobre a necessidade em fazer silêncio, ficar só.

Antes de começar este texto, eu estava partindo para o terceiro parágrafo de um assunto delicado chamado machismo velado. Porém, travei. Entre os sons da natureza que coloquei no ouvido para conseguir trabalhar e o barulho único de teclas batendo em torno de mim, percebi que eu estava em silêncio.

Já percebeu como o silêncio faz barulho na cabeça? Às vezes, chega a ser insuportável ficar só com os próprios pensamentos, porque eles trabalham na velocidade da luz e mexem com a balança que vai da culpa à ansiedade sem sequer perguntar se podem. E nesse desequilíbrio inconsciente, falta o agora. Falta perceber que tem um passarinho fazendo um som bem ao fundo, que o ar condicionado está frio demais e que outras cabeças em voltas podem estar tão confusas quanto a sua.

Falta consciência – no sentido mais puramente meditativo que ela representa: estar 100% no momento. E foi nessa tentativa de estar no aqui e no agora a maior parte do tempo possível que eu detectei coisas incríveis: é o tipo de coisa que me deixa produtiva. Consigo focar melhor meu trabalho, além de ficar mais disposta a resolver os perrengues. A energia dos outros, estando perto ou longe, influenciam a minha somente porque eu permito. Existem pessoas tóxicas. Existem pessoas lindas. O sorriso dele é uma das coisas mais incríveis que já vi.

E tudo isso levou a uma guinada, uma mudança importante na maneira de lidar com pessoas e com as atividades diárias. Por isso, gostaria de compartilhar dicas preciosas que me fazem bem e acredito que possam fazer bem a você também.

1. Posicione-se. Literalmente. Arrume sua postura, olhe as pessoas nos olhos e, por mais inseguro que esteja, mantenha o peito aberto. A posição de liderança praticada por pelo menos dois minutos diários ajuda a diminuir o cortisol (hormônio que vai te deixando tristinho) e aumentar o testosterona (hormônio que vai te deixando empoderado).

2. Vá ao médico. Sério. Desmaio com agulha, passo mal em hospital. Mas tive problemas e descobri que tenho dois “nenéns” no endométrio já deve fazer uns três aninhos – e que precisam ser retirados o quanto antes. O corpo é quem age por você, cuide bem dele.

3. Valorize. Tudo mesmo. No dia do meu exame de sangue, fui tão bem cuidada pela enfermeira que, pela primeira vez, não desmaiei. Eu disse a ela o quanto ela era especial. Valorize as pequenas gentilezas. Também pedi perdão por ter magoado alguém – mesmo que sem intenção – mas não fui perdoada. Valorize os pedidos de desculpas, eles podem abrir grandes portas e ensinar grandes coisas. By the way, raiva dá gastrite. Valorize também as pessoas. Em um ano de perdas, entendi que – REALMENTE – elas podem não estar mais lá no dia seguinte.

4. Entenda o trabalho do outro antes de criticar ou opinar. E sempre – SEMPRE – perceba que existe um ser humano para além das planilhas e do computador.

5. Faça silêncio. Deite, feche os olhos. Inspire e expire fundo. Imagine a energia passando por todo seu corpo, visualize cada chakra. E vá em frente. Existe uma respiração simples que ajuda a limpar a mente: inspire pelo nariz, sentindo o ar na garganta, como se estivesse roncando. Solte da mesma maneira, também pelo nariz. Inspire em 4 tempos, segure 2 tempos, solte em 6 tempos e segure um tempo. Repita 10 vezes.

6. Permita-se ficar offline. Pelo amor de Deus, tenha horário para responder, atender, enviar. Se for comer, coma. Se for dormir, durma. Se for conversar, converse. Pare de fazer tudo com o celular na mão e perceba melhor o que está fazendo.

O que Nícolas Vargas e a vida ensinaram nos últimos tempos? Que a gente aprendeu a fazer o corre, a sofrer, a cooperar, a pensar, a estudar… Mas ainda não aprendeu a ficar numa boa com a gente mesmo.

Texto: Carol Tavares

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