Afinal, o que tanto te incomoda?

Por um momento – um rápido instante de uns três dias – pensei: chega disso. Vou parar de me posicionar. Entendam, não é tão simples assim lutar. Me perdoem os fortes mas, às vezes, me sinto fraca. Mas estou recebendo uma chuva de amor e força tão grande, que sigo tentando. Este texto aqui – para quem gosta de ler e se informar – é uma das coisas mais nojentas que li hoje. E mais reais.
 
Fiz meu primeiro trabalho voluntário aos 15 anos. De lá para cá, busquei N formas de dar um pouquinho de mim. E eu não estou falando apenas de trabalhar de graça para os amigos, abrigar em casa quando necessário ou coisa assim, uma vez que acredito que ajudar as pessoas em volta é o mínimo para se viver em comunidade. Estou falando de fazer por quem a gente não conhece mesmo.
 
Depois de um tempo, percebi que o assistencialismo é limitado e paliativo. Ele resolve no momento, deixa minha consciência limpa e não muda uma realidade por inteiro. Nesse ponto, passei a optar por candidatos que compactuassem com políticas sociais. Fui para as ruas muitas vezes e ainda vou – sempre tentando fazer mais por aquilo que acredito.
 
Me ocupei da arte. Realizei – nunca sozinha – ações de ocupação de espaços públicos e eventos sem lucro, usando a música como ferramenta de transformação. E só quem está muito perto sabe o quanto foi e é difícil conciliar tudo isso com um emprego tradicional. E não, nunca “mamei nas tetas da Rouanet”. Pelo contrário – lutamos para aprovar muitos projetos e alguns até foram, mas não houve captação. Porque não é fácil assim, não é simples assim.
 
Nesse bolo todo, destaquei o papel da mulher e o quanto somos tão livres e competentes quanto o homem. E como é difícil explicar para alguém que o problema do peito de fora não é o peito de fora, mas a maneira como você olha para o peito de fora. A objetificação do corpo da mulher está no olhar do homem e não no corpo da mulher. Não foi minha amiga que se insinuou para o parente, aos 12 anos de idade. Foi ele que a violentou.
 
Neste momento de tudo à flor da pele, tenho lido coisas tão assustadoras, que fico triste de imaginar que é isso que eles pensam de mim. Me fudi pra caralho pra conseguir viver de acordo com o que acredito e ainda pago preços altos por isso, mas não poderia estar mais feliz: meu marido e eu pagamos nossas contas, conseguimos fazer uma mudança importante em nossa vida e, de quebra, não paramos de estudar.
 
O ponto é: parem. Parem de ofender achando que está tudo bem. Parem de olhar só para si mesmos e achar que tudo bem falar mal de mulher, gay e qualquer pessoa que pense diferente só porque resolveu endeuzar um cara. Eu gosto muito do meu candidato também, mas ele não é um mito. Ele é alguém que estou contratando e pagando com meus impostos para prestar um bom serviço a meu país. E, caso ele não o faça, vou cobrar da mesma maneira. Ele não é minha religião. Parem de usar o voto como desculpa para por para fora todos os seus demônios.

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